domingo, 27 de fevereiro de 2011

Genocídio de Ruanda


Em Setembro do ano passado eu comecei a escrever aqui no blog sobre Ruanda, vinha remoendo o genocídio há algum tempo. Comecei o texto e não terminei.

Ontem a Mônica postou no blog dela sobre o mesmo assunto e toda a minha revolta voltou correndo a tona e resolvi postar de vez o meu desabafo!

Sempre me impressiono MUITO com essa história! Visitar Ruanda foi uma experiência fora do comum. Saber que o genocidio foi TÃO brutal e pessoal me deixou enjoada durante a visita ao Memorial do Genocídio e ainda me deixa toda vez que penso em tudo isso.

Lá no blog dela tem um resumão do que houve (que vale muito a pena se vc não sabe o que houve) e tem umas comparações númericas desse genocídio com o que Hitler fez. Eu costumava fazer outra, em relação à brutalidade e frieza. Hitler comandou um mega massacre, mas ele e seu exército não mataram seus filhos, esposa ou os vizinhos com quem cresceram e compartilhavam um belo almoço no domingo. Não viu o rosto de perto das pessoas que matavam, não usavam facões e sacos plásticos, o que torna a ação muito mais pessoal.

Não quero de forma alguma diminuir a brutalidade de Hitler, mas se vc acha que foi ruim, imagina que ao invés de campos de concentração e câmaras de gás, ele pegasse para matar um por um no facão, olhando nos olhos, vendo o desespero e ouvindo o pedido de socorro.

Eu infelizmente já aprendi que há pessoas más no mundo, que falta muito amor, que "falta Deus". Entre aspas porque Ele não falta, faltam pessoas que O queiram. Já me conformei com a falta de amor ao outro. Já cansei - literalmente - de ver pai que mata filha, filha que mata os pais, a avó, a esposa, o namorado... O que acontece é que todos eles têm um motivo. Não justificam, mas um motivo eles têm: muito amor, pouco amor, ciúmes, dinheiro... eu só não tinha visto ninguém matando um parente por diferença étnica. Nunca vi alguém matar a mulher porque é japonesa, ou a filho porque é nordestino. Não consigo me conformar com a falta de amor aos familiares e amigos, vizinhos próximos. Não consigo me conformar com a crueldade com que pessoas foram mortas por pessoas próximas, pessoas em quem confiavam e a quem amavam.

Como pode alguém pegar um facão e matar sua esposa porque ela é de uma etnia diferente?Quando se casaram isso não era problema.
Pegar uma sacola plástica e sufocar seu filho porque ele é uma mistura?

Passei mal lá e ainda passo sempre que lembro. Fico triste. E só posso orar para que Deus tenha misericórdia. Orar para que Deus conforte aquele povo. AQUELE, no singular, pq eles são um só povo. Hoje inclusive é proibido falar em Hutus e Tutsis, os Twa se salvam pq são um grupo muito pequeno e ficaram de fora da bagunça toda, apesar de claramente sofrerem com isso.

Pra quem quiser saber mais assista aos filmes "Hotel Ruanda" e "Abril Sangrento" ;)

O genocídio aconteceu em 1994, em abril completará 17 anos, apenas 17 anos. As pessoas que sobreviveram tem tudo ainda muito fresco na memória, ainda se vê pessoas mutiladas, viúvas, órfãs, sofridas, além dos refugiados que não conseguem ainda voltar ao seu país.

Tem como o coração não doer diante disso tudo?
O meu dói!

Brasileiras no eMi

Eu sei que deveria ter feito isso há um bom tempo já, mas vamos lá, antes tarde do que nunca!

Depois que voltei de Uganda - e mesmo enquanto estava lá - algumas pessoas me procuraram querendo saber como foi, o que eu fiz, como é lá, e como faz pra ir também.

Uma delas foi a Monica Nickel. A Mô é da minha igreja, mas mesmo após anos lá a gente não se conhecia. Acontece que ela também é arquiteta e também tem sonhos parecidos com os meus. Então o que aconteceu?? A gente conversou bastante e ela correu pra se inscrever pra um estágio com o eMi.

No começo desse mês ela embarcou pra Inglaterra, pra servir no eMi UK, mas qual a minha surpresa quando descobri que o projeto do qual ela participaria seria o do Kibogora Hospital? O mesmo hospital onde fiquei hospedada (na casa dos médicos) quando fui fazer o projeto do Kumbya Eden Retreat, em Ruanda.

Ganhamos mais um tópico pras nossas infindáveis conversas. Ela vai passar pelo eMi EA em Uganda, e já andou encontrando alguns amiguinhos meus por aí.

Estou muito feliz de saber que pude contribuir com a ida dela, de saber que não serei a única brasileira mais, de saber que Deus prepara tudo direitinho pra cada um, pra cada momento, de saber que ela vai ajudar MUITO um povo que precisa MUITO de todo amor, carinho e de um hospital :)

Se vc ta pensando em ir pro Leste da África, se vc quer saber mais sobre o emi, se se interessa por arquitetura simples feita pra quem precisa, ou se quer acompanhar a jornada da Monica, da uma corridinha lá no blog dela ;) Ah, além de tudo ela tira fotos lindas ;)


Beijinhos

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Na mídia 2

A mesma matéria da folha também saiu ontem na Gazeta do Povo, PR (obrigada Herlon por me avisar). Então se alguém quiser ler a matéria inteira, está aqui. ;)

Beijinhos

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Na mídia

No último final de semana teve o Salão do Estudante (feira de intercâmbio) e por isso acabei dando entrevista para algumas emissoras de tv e jornais impressos, eles queriam saber de gente que tinha ido para um lugar diferente, fora do roteiro EUA, Canadá e Austrália, então lá fui eu colocar Uganda no mapa :)

Hoje saiu a matéria da Folha de S.Paulo:


Para aqueles que chegaram aqui no blog por essa matéria, ou porque estão procurando informações sobre Uganda, aqui na direita tem várias tags que vai poder te ajudar.

Para aqueles interessados no trabalho que eu fiz, no meu Portfolio (http://suellenmaia.blogspot.com), tem mais sobre cada projeto, além de fotos.

Fique a vontade para me mandar um e-mail ou mensagem aqui mesmo no blog, mas não se esqueça de deixar um e-mail para contato ;)
Beijinhos

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eleições 2011

Em meio a tantas emoções políticas na África, Uganda teve a sua no último dia 18: Eleições Presidencias.

Museveni ganhou mais uma vez. Com 68% dos votos vai continuar no poder, mesmo depois de 25 anos na mesma posição.

Depois de conversar com alguns amigos de lá, percebi que os votos são mais por medo do que por suporte ao atual presidente. Os mais velhos têm medo de voltar ao que acontecia antes, toda a ditadura sangrenta de Idi Amin. Os mais novos têm medo da represália do presidente que prometeu uma eleição livre e justa, mas que em entrevistas disse frases como "eu vim com uma arma, um voto não pode me levar embora" e "eu cacei o animal do mato, ninguém pode me tirar o animal", referindo-se aos seus atos de 25 anos atrás.

Seu principal adversário, Besigye, foi seu médico particular e lutou ao seu lado, mas resolveu enfrentá-lo na política, e após sua derrota em 2001 teve que sair do país, por se dizer ameaçado por Museveni.

Esse ano pelo menos, ao contrário do que acontece nos países próximos, as eleições foram pacíficas, pela primeira vez no país. Apesar de muitos alegarem fraude, distribuição de presentes para os eleitores, e exército na rua para conter qualquer tipo de manifestção, ainda assim a paz foi mantida.

Espero que Museveni cumpra o que disse em outra entrevista, que mesmo não mudando o governante, o governo estará sempre evoluindo.

Eu oro para que Deus proteja esse país e esse povo maravilhoso!